Autora: Ana Maria Machado, Ed. Salamandra
Havia um governante, eleito pelo povo, que foi deposto por um tirano. Este ditador resolveu que todos deveriam seguir os seus gostos e uniformizou as ideias, casa, comida, cores... as fábricas tinham que produzir muita fumaça cinzenta, até cobrir todo o céu pois o azul o incomodava. As comidas tinham que ser enlatadas, as crianças não podiam sorrir e nem brincar.
Para que ninguém tivesse ideias, o tirano proibiu que as pessoas se encontrassem, além de impedir que vissem qualquer cor e mesmo as estrelas à noite. Com o tempo, elas passaram a se comportar como robôs.
Certa vez, brincavam três crianças sob uma árvore quando caiu uma folha amarelada, e elas perceberam não só que a folha tinha cor, mas que as próprias crianças possuíam cores, cada uma diferente das outras. Aos poucos, as crianças fizeram as pessoas despertar novamente para as cores. Uma delas descobriu um cristal que transformava a luz em um arco-íris, outra construiu uma flauta e começou a tocar música. Outra ainda começou a cantar. O vovô descobriu com a pólvora que ele poderia fazer estrelas brilharem.
No meio dessa confusão, o tirano começou a gritar, em vão. Ele fugiu para outra cidade. Ao mesmo tempo, as pessoas voltaram a ser alegres, trocar ideias, ouvir música e trouxeram de volta todas as cores da cidade.