domingo, 4 de maio de 2014

Pequena história da escrita

Sylvie Baussier


A história da escrita é uma grande viagem pela história da humanidade. Os primeiros símbolos eram desenhados em argila pelos sumérios, há quase 6 mil anos, e representavam objetos, animais e partes do corpo em associação direta com a mensagem. Depois desenvolveram uma linguagem mais abstrata através de símbolos em forma de prego: a escrita cuneiforme.
Enquanto isso, no Egito, hieróglifos eram escritos à tinta sobre papiro (um precursor do papel) ou nas paredes de tumbas; são símbolos que podem ser lidos de qualquer direção e que levaram mais de 1400 anos para ser decifrados.
Mais ou menos na mesma época, os chineses inventaram uma forma de transcrever a sua linguagem, feita só de palavras monossílabas. Passaram a representá-las por ideogramas, que transmitem a ideia de uma palavra. Existem cerca de 50mil deles, registrados nos primeiros livros de papel da história. Os japoneses aproveitaram a ideia e criaram seus próprios ideogramas. Nas Américas foram poucos povos que tiveram escrita.
Um deles foram os Maias, com quase mil glifos, símbolos que representavam deuses, objetos, números, meses etc. Somente parte deles foi decifrada depois da destruição promovida pelos conquistadores espanhóis. Outro povo, os Incas, tinham um grande império mas nenhuma escrita; inventaram um código complexo feito de nós em cordas de cores diferentes: os quipos.
Os alfabetos são invenções que tentaram simplificar o trabalho da comunicação, reduzindo milhares de símbolos a menos de 30. Surgiram com povos semíticos, família de fala hebraica e árabe, e tinham apenas consoantes. Os gregos antigos adaptaram à sua língua, que não tinha escrita, através do uso de sinais sem som em grego para criar as vogais.
Os gregos levaram o seu alfabeto (das duas primeiras letras: alfa+beta) aos etruscos, com quem tinham comércio, e esses para os romanos, que o tornaram mais simples de ser entendido em todo o seu império. É um sistema tão simples que praticamente todas as línguas podem ser transcritas usando-se o alfabeto romano.
Outros alfabetos surgiram na Europa, todos com parentesco entre si, mas quase sempre foram substituídos pelo alfabeto romano, principalmente devido ao crescimento do cristianismo. Exceção é o alfabeto cirílico, ainda usado na Rússia, Ucrânia e outros países eslavos.
Antigamente os livros eram reproduzidos um por um, primeiramente através de copistas, em geral monges, que escreviam à mão. Com a invenção da imprensa, passaram a ser copiados em maior quantidade e se popularizaram entre os povos, inclusive chegando àqueles que não podiam ver, com a escrita para cegos, o braile.
Hoje podemos desfrutar das palavras como instrumentos para instrução, identificação, e até diversão, usando a tecnologia sempre a nosso favor.


A biografia de...

Ziraldo


Ziraldo Alves Pinto (1932) é jornalista, pintor, dramaturgo, chargista, cronista, jornalista e cartunista brasileiro. É conhecido como o inventor do personagem de quadrinhos infantis O Menino Maluquinho e fundador da revista O Pasquim.
Ainda em 1954, trabalhou num jornal, Folha de Minas. Formou-se em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais, em 1957 e no mesmo ano foi trabalhar na revista O Cruzeiro, publicação de grande prestígio na época. Em 1963 ingressou no Jornal do Brasil, quando já tinha personagens de quadrinhos conhecidos como a Turma do Pererê, o primeiro feito a cores no Brasil. Porém, sua tiragem foi cancelada com o advento do regime militar brasileiro em 1964.
Ziraldo fundou a revista Pasquim, no qual participava diversos críticos do regime militar, como os cartunistas Jaguar e Henfil.
Em 1980, foi lançado o livro O Menino Maluquinho, publicação que lhe renderia um grande sucesso, inclusive, alguns anos mais tarde, sendo produzido um programa de televisão com o personagem, o que contribui muito para torná-lo mais conhecido pelo público.
Nos anos 90, Ziraldo colabora com a Revista Bundas, publicação periódica que satirizava outra revista chamada Caras, cujo teor era o cotidiano da elite brasileira.
As obras de Ziraldo já foram publicadas em revistas conhecidas internacionalmente, como a inglesa Private Eye, a francesa Plexus e a americana Mad.
Em 2008, Ziraldo recebeu o VI prêmio Ibero americano de humor gráfico Quevedos. O prêmio recebido pelo cartunista deveu-se à importância social e artística do autor.
Interessante trabalho de Ziraldo é a participação na Oficina do texto, onde ilustra os textos de alunos de escolas do Brasil inteiro, atingindo um grande número de crianças.
Ziraldo tem dois filhos, a cineasta Daniela Thomas e o compositor Antônio Pinto.